Hoje, 25/03/2011, a Biblioteca Púbica Estadual do Pará “Arthur Vianna” completa 140 anos. Nasceu de uma mobilização popular com a participação de membros do Clero Católico, profissionais liberais, estudantes, empresários, pessoas ligadas à Educação e a Cultura e outras figuras representativas da sociedade paraense da época de 1871. Não nasceu por conveniência política, mas por necessidade social explicitada quando o Pará ainda era província.
Viveu seu ápice, e penso que o início de um incômodo declínio, quando se mudou para o prédio projetado pelo arquiteto Euler Arruda para abrigá-la na dimensão de sua importância e dignidade, o famigerado CENTUR. Foi desde o início da ocupação dos quatro andares do referido prédio, apertada nos dois andares do meio, entre a estrutura administrativa da Secretaria de Cultura - SECULT no quarto andar e o auditório improvisado para abrigar o Congresso Brasileiro dos Agentes de Viagem, no primeiro. Registre-se que à época, segunda metade dos anos oitenta, Belém não possuía Centro de Convenções.
A já centenária Biblioteca Pública nesse período não teve apenas o seu espaço físico tirado, possivelmente o maior abalo que sofreu foi em sua identidade, passou a ser conhecida e referida comumente como a biblioteca do CENTUR, e o que é o CENTUR senão o apelido de um prédio, uma espécie de sigla cuja correspondência real mais próxima é a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - FCPTN.
Outro ataque que passou a sofrer a tradicional Biblioteca, não sei se há na literatura um termo mais apropriado para isso, foi uma espécie de parasitismo administrativo pela própria instituição que deveria abrigá-la, protegê-la, zelar pelo cumprimento da sua função social. Sucessivas mudanças na estrutura da FCPTN levaram a Biblioteca à desprestigiada condição de gerência no mesmo nível de um setor que integra a estrutura de qualquer biblioteca no mundo como o Processamento Técnico. Nessa mesma linha lhe tiraram serviços que criou como o Carro Biblioteca, que quando nasceu, em uma Kombi adaptada, conseguia ser mais efetivo do que hoje, subordinado a outra gerência.
Está a nossa Biblioteca Publica, numa estranha subordinação administrativa do mais geral ao mais específico, integrando uma Diretoria de Leitura e Informação. Basta ler o Manifesto da UNESCO para as Bibliotecas Públicas para perceber que sua função social é bem mais ampla do que leitura e informação, essa é uma de suas funções e esse poderia ser um setor seu. Parece mais pomposo, mas é impróprio não apenas do ponto de vista administrativo, mas também do político e ético.
Hoje, em festa pelo seu 140º aniversário, a Biblioteca Pública Arthur Vianna, em honra da iniciativa popular que determinou sua criação, merece e espera dos atuais ocupantes do poder no Estado do Pará que lhe assegurem um futuro e que lhe ofereçam o presente que lhe é devido: justiça, na forma de reconhecimento e valorização.
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