terça-feira, 3 de março de 2015

Symone Morhy de Siqueira Mendes Lauria

Insurreição verde contra a ausência
Nos dias que se seguiram a partida da Symone, em conversa com a Tatiana, minha esposa, mencionei que me era estranha a ideia de que ela não estivesse mais entre nós, como se ela estivesse lá no seu apartamento com a família, pronta pra nos receber da forma tão carinhosa como sempre fazia. Tatiana me respondeu que sentia da mesma forma o que me levou a pensar que todos nós, que privávamos da sua amizade e da sua convivência, estaríamos sentindo igual, lidando mal com a ideia de que ela não estivesse aqui. Quando a Luiza Borborema sugeriu, que nesta missa poderíamos, em nome do grupo verde, produzir um texto para homenagear a Symone, logo pensei em externar esse sentimento de insubordinação contra a ausência.
Com o intuito de escrever a homenagem, com o grupo verde, pedi aos seus membros, por meio da Tatiana, que informassem sobre uma palavra que para eles representasse a Symone. Recebemos as palavras fé, sorriso fácil, esperança, amor, sal, perseverança, alegria e luz, estas últimas duas vezes cada e a elas acrescentamos as palavras irreverência e entusiasmo. Concordamos todos de certo que essas palavras a representam, assim como muitas outras que agora percorrem nossas mentes e nos fazem lembrar alguma vivência particular com ela.
Deixei para escrever o texto ontem à noite e ao iniciar a escrita a imaginei reclamando comigo – Égua Hamilton, procrastinando até para fazer a minha homenagem, vê se não escreve nada complicado e demorado que esse pessoal deve tá doido pra ir embora. E vê se não te esquece de citar o Gibran para eu saber que foste tu mesmo quem escreveu.
Vou atendê-la minha amiga e aderindo a licença poética de Thiago de Melo no “Estatuto do Homem” vou lhe dizer que nos insurgimos contra a sua ausência e por decreto irrevogável fica estabelecido que você continua conosco; como exemplo de fé, perseverança e entusiasmo, como sal que dá gosto à vida, em seus sorrisos fartos e fáceis, irreverente, alegre, iluminada e plena de amor você permanece em cada um de nós. A inspiração doutrinária do decreto vem de Kahlil Gibran, quando afirma que “não existem distâncias para a lembrança e apenas o esquecimento é um abismo que nem a voz nem a visão podem atravessar”.

Para leitura na missa por um mês de falecimento da Symone em 02/03/2015.